3 de novembro de 2024

Sobre a Singularidade

A singularidade tecnológica é um conceito teorizado principalmente por autores como Ray Kurzweil e Vernor Vinge. Refere-se a um ponto no futuro em que os avanços tecnológicos, particularmente na inteligência artificial (IA), acontecem a uma taxa tão acelerada que alteram radicalmente a sociedade e o ser humano. Especificamente, a singularidade é caracterizada pelo momento em que uma IA atinge um nível de inteligência superior ao humano e passa a se autodesenvolver, gerando uma explosão de conhecimento e poder de forma autônoma, de modo que o desenvolvimento e as consequências desses avanços seriam, a partir desse ponto, imprevisíveis para a humanidade (Kurzweil, 2005; Vinge, 1993).


Significado e Possibilidades


A ideia central da singularidade está baseada na hipótese de que a IA poderá se tornar não apenas mais inteligente que os humanos, mas também capaz de se aprimorar continuamente. Este cenário levaria a um crescimento exponencial no desenvolvimento da inteligência artificial, com a criação de tecnologias inimagináveis. Kurzweil (2005) argumenta que esse ponto pode ser atingido por volta de 2045, com o avanço das redes neurais, processamento em paralelo e aumento de poder computacional. Em contraste, alguns pesquisadores, como Paul Allen, são céticos e acreditam que a singularidade pode não ocorrer, citando as limitações inerentes à própria natureza da inteligência artificial e a complexidade do cérebro humano como obstáculos (Allen, 2011).


Riscos Associados


Os riscos associados à singularidade são amplamente debatidos e podem ser divididos em três principais áreas:


1. Perda de Controle: Uma IA superinteligente poderia desenvolver objetivos e capacidades que não conseguimos compreender ou controlar, potencialmente desconsiderando interesses humanos. Autores como Nick Bostrom (2014) exploram esse risco e sugerem que um sistema de IA com autonomia total pode tornar-se perigoso, especialmente se suas metas não estiverem alinhadas com os valores humanos. Este é o problema do alinhamento, onde o desafio está em garantir que as ações da IA estejam de acordo com os interesses humanos.

2. Desigualdade e Concentração de Poder: A singularidade pode acentuar as desigualdades sociais, já que o controle sobre a IA avançada pode ser monopolizado por grandes corporações ou governos, o que resultaria em uma concentração de poder sem precedentes. Yuval Noah Harari (2018) argumenta que essa concentração de poder poderia transformar a sociedade de maneira irreversível, limitando a autonomia e liberdade individual.

3. Impactos no Mercado de Trabalho e Existência Humana: Um sistema de IA capaz de realizar praticamente qualquer atividade humana com eficiência superior representa uma ameaça ao mercado de trabalho. Isso implica em desemprego massivo e transformações econômicas que poderiam desestabilizar sistemas de suporte social. Além disso, questões filosóficas surgem sobre o propósito da existência humana quando nossas atividades podem ser superadas por máquinas.


Possibilidade de Chegada à Singularidade


Embora as previsões variem, muitos especialistas consideram a singularidade uma possibilidade concreta devido ao rápido progresso na área de IA. No entanto, é importante notar que a singularidade requer avanços que não são apenas incrementais. São necessárias inovações significativas em áreas como processamento de linguagem natural, compreensão contextual, consciência e, possivelmente, a resolução do enigma da “consciência” em si. Apesar de avanços significativos, há questões fundamentais sobre a natureza da inteligência e do aprendizado que ainda não compreendemos completamente, e isso pode ser um obstáculo à singularidade.


Conclusão


A singularidade representa um marco hipotético na trajetória da inteligência artificial e apresenta tanto uma oportunidade para um avanço sem precedentes quanto riscos consideráveis que precisam ser cuidadosamente abordados. Enquanto teóricos como Kurzweil (2005) acreditam na inevitabilidade da singularidade, outros veem-na como improvável no curto prazo devido aos desafios técnicos e éticos envolvidos. A preparação para a singularidade requer uma abordagem responsável e colaborativa entre especialistas, governos e a sociedade, para assegurar que o desenvolvimento da IA seja direcionado para o benefício coletivo e não para o controle ou concentração de poder.

Avanço do GPTo2 e a singularidade






2 de outubro de 2024

Samsung faz cortes e reduz número de funcionários


@profdarwin


A Samsung Electronics Co. está demitindo trabalhadores no Sudeste Asiático, Austrália e Nova Zelândia como parte de um plano para reduzir o quadro global de funcionários em milhares de empregos, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.


A notícia recente sobre a Samsung Electronics Co., publicada pela Bloomberg, relata que a empresa está realizando cortes de funcionários em várias regiões do Sudeste Asiático, além da Austrália e Nova Zelândia, como parte de um plano de redução global da força de trabalho. A expectativa, segundo fontes, é de que os cortes atinjam cerca de 10% dos trabalhadores em determinadas subsidiárias, dependendo da localização. Esta decisão segue uma tendência já observada em outras grandes corporações globais, que buscam otimizar operações e reduzir custos diante de condições econômicas desafiadoras.


O processo de redução de quadro de funcionários em uma escala global, especialmente em grandes empresas de tecnologia como a Samsung, pode ser associado a fatores como retração econômica, mudança nos hábitos de consumo, aumento da concorrência e dificuldades em manter margens de lucro durante períodos de incerteza econômica. Segundo pesquisas recentes, o setor de eletrônicos tem enfrentado um cenário de desaceleração da demanda, especialmente após o período de pandemia que causou um boom temporário no consumo de tecnologia e equipamentos eletrônicos (OECD, 2023).


No caso específico da Samsung, a decisão de reduzir sua força de trabalho pode estar vinculada ao impacto que as flutuações nos mercados de semicondutores têm tido sobre as receitas da empresa. Conforme reportado por Singh (2023), o mercado global de semicondutores, que é uma área crítica para a Samsung, tem sofrido quedas nas vendas devido à diminuição da demanda de produtos eletrônicos de consumo e ao excesso de oferta em alguns segmentos. Além disso, as tensões geopolíticas, como aquelas entre os Estados Unidos e a China, afetam negativamente o setor de tecnologia, prejudicando cadeias de suprimentos globais e impondo restrições à exportação de tecnologias críticas.


Essas medidas da Samsung também ilustram uma abordagem comum em empresas que buscam sustentar sua competitividade em tempos de crise: o ajuste de pessoal é um método frequente para reduzir custos fixos e adaptar-se às mudanças nas condições econômicas. Segundo Kotter e Schlesinger (2008), o downsizing pode ser uma resposta defensiva em tempos de recessão, mas traz consigo riscos importantes, como a perda de talentos e o impacto sobre a moral dos funcionários. Ademais, há um efeito cascata que pode se manifestar em termos de confiança dos consumidores e na relação com os stakeholders.


Outras análises sugerem que, embora o corte de empregos possa parecer benéfico a curto prazo em termos de balanço financeiro, ele pode comprometer a capacidade da empresa de inovar e sustentar um bom atendimento aos clientes no futuro. Huselid (1995) aponta que o capital humano é um dos principais ativos de empresas que operam em setores intensivos em tecnologia, e a perda de talentos pode enfraquecer a habilidade da empresa de enfrentar desafios competitivos.


Portanto, a decisão da Samsung de reduzir sua força de trabalho é uma tentativa de ajustar sua estrutura operacional a uma realidade econômica incerta, porém, levanta questionamentos sobre o impacto dessas ações na sua capacidade de continuar inovando e mantendo sua posição de destaque no mercado global de tecnologia.


### Referências


HUSELID, M. A. The impact of human resource management practices on turnover, productivity, and corporate financial performance. *Academy of Management Journal*, v. 38, n. 3, p. 635-672, 1995.


KOTTER, J. P.; SCHLESINGER, L. A. Choosing Strategies for Change. *Harvard Business Review*, 2008.


OECD. Global Economic Outlook, 2023. Disponível em: https://www.oecd.org/economic-outlook/


SINGH, R. Semiconductor Market Analysis 2023. *TechCrunch*, 2023. Disponível em: https://techcrunch.com

18 de setembro de 2024

Uma vida sem ambição !

 
Um jovem advogado foi indicado para inventariar os pertences de um senhor recém falecido. Segundo o relatório do seguro social, o idoso não tinha herdeiros ou parentes vivos. Suas posses eram muito simples. O apartamento alugado, um carro velho, móveis baratos e roupas puídas. “Como alguém passa toda a vida e termina só com isso?”, pensou o advogado. Anotou todos os dados e ia deixando a residência quando notou um porta-retratos sobre um criado mudo.
Na foto estava o velho morto. Ainda era jovem, sorridente, ao fundo um mar muito verde e uma praia repleta de coqueiros. À caneta escrito bem de leve no canto superior da imagem lia-se “sul da Tailândia”. Surpreso, o advogado abriu a gaveta do criado e encontrou um álbum repleto de fotografias. Lá estava o senhor, em diversos momentos da vida, em fotos em todo canto do mundo.
Em um tango na Argentina, na frente do Muro de Berlim, em um tuk tuk no Vietnã, sobre um camelo com as pirâmides ao fundo, tomando vinho em frente ao Coliseu, entre muitas outras. Na última página do álbum um mapa, quase todos os países do planeta marcados com um asterisco vermelho, indicando por onde o velho tinha passado. Escrito à mão no meio do Oceano Pacífico uma pequena poesia:
Não construí nada que me possam roubar. Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa trocar,
Nada que se possa vender.
Eu que decidi viajar,
Eu que escolhi conhecer, Nada tenho a deixar Porque aprendi a viver...
Afinal, vc vive ou acumula?




26 de agosto de 2024

Escolas militarizadas triplicam

Escolas militarizadas triplicam e unem governos de direita e esquerda

O número de escolas públicas militarizadas triplicou nos últimos cinco anos no Brasil.

A expansão ocorreu tanto em governos de esquerda quanto de direita, com apoio de pais e responsáveis, sob argumento de reforçar a disciplina escolar.

Há 792 colégios estaduais e federais espalhados pelo país com gestão militar completa ou parcial, segundo levantamento inédito do UOL — em 2018, eram 230.

Isso corresponde a 4% da rede estadual, alcançando 555 mil alunos.

Vinte e três estados e o Distrito Federal já têm escolas públicas militarizadas. O Paraná lidera a lista. São Paulo ainda briga para adotá-las.

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Imagem: Arte/UOL
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Imagem: Arte/UOL

Em sala de aula, segundo a maioria dos entrevistados, não há mudança pedagógica. A mudança é comportamental.

No dia a dia, alunos usam fardas, batem continência, cantam o hino nacional e têm aulas inspiradas em "educação moral e cívica", disciplina obrigatória em escolas públicas brasileiras durante o regime militar, hoje fora da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

A depender do modelo adotado — não existe sistema único no país —, estudantes são classificados segundo o comportamento e o desempenho.

Os melhores podem virar "xerifes, chefes ou fiscais de sala", os antigos representantes de turma perante professores e diretores.

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'Jabuticaba' que virou filão

Essa configuração só existe no Brasil e divide opiniões.

Nenhum país com resultados destacados em política educacional adota um padrão similar a essa nova 'jabuticaba' brasileira. Militarizar funcionamento de escolas não é característica nem de governos próximos do autoritarismo, como a China.normal Fernando Abrucioprofessor e pesquisador da FGV-SP

Educadores criticam o que chamam de "pedagogia de quartel" e a contestam na Justiça — o STF ainda decidirá sobre a constitucionalidade do ensino.

Já políticos e empresários veem na fórmula um filão, a ponto de o fenômeno alcançar as escolas municipais, a partir de parcerias com forças como a Polícia Militar, e também colégios particulares.

Na Bahia, por exemplo, 56 mil alunos da rede municipal estudam em escolas militarizadas.

A implementação começou em 2018, no governo do petista Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil, que autorizou convênios com a PM.

Em 2019, já havia 60 cidades conveniadas. A Bahia tem ainda 16 escolas estaduais militarizadas e um colégio do Exército.

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Imagem: Arte/UOL

Paraná lidera

O Paraná lidera o processo de militarização do ensino no Brasil nas redes pública e privada.

Até 2018, o estado possuía duas escolas da PM, originalmente militares e subordinadas à Secretaria de Segurança Pública. Hoje, são 312 colégios cívico-militares na rede estadual.

As unidades atendem a mais de 192 mil alunos, que seguem uma conduta que veta corte de cabelo no estilo moicano, tererê e piercing.

Segundo o manual elaborado pela gestão Ratinho Júnior (PSD), o uniforme, que não pode estar amassado ou ser personalizado, é checado diariamente pelos monitores militares.

"Por meio de um aplicativo, eles concedem ou tiram créditos dos alunos de acordo com o comportamento", explica o secretário estadual de Educação, Roni Miranda Vieira.

O gestor afirma que o manual de conduta é apresentado aos pais e alunos no primeiro dia de aula.

Colégio cívico-militar em Curitiba
Colégio cívico-militar em Curitiba Imagem: Silvio Turra/Seed-PR

Filão só cresce

"O programa de incentivo criado no governo Bolsonaro [Pecim, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares] foi cooptado por governadores e prefeitos de todo o país, que passaram a abrir formatos próprios", conta o professor Eduardo Santos, do Instituto Federal de Goiás.

O modelo já virou promessa de campanha nas eleições municipais. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, declarou intenção de aderir ao formato.

Apenas Espírito Santo, Sergipe, Rio Grande do Norte e São Paulo não oferecem ensino militarizado nas redes estaduais ou não possuem colégios sob o comando da PM.

No estado mais rico do país, a decisão do governador Tarcísio de Freitas(Republicanos) de implantá-lo foi suspensa pela Justiça.

Segundo o desembargador Figueiredo Gonçalves, o programa paulista "parece legislar" e invadir a competência da União.

De acordo com o desembargador, a suspensão deve vigorar até que o STF julgue uma Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre o tema.

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Imagem: Arte/UOL

Colégio pago militarizado

A procura dos pais explica em parte o sucesso de uma rede privada fundada em 2018.

Com sede em Curitiba, o Colégio Vila Militar, que se apresenta como o primeiro do país a adotar o ensino militar fora da rede pública, atende 3.478 alunos em oito unidades conveniadas.

No ensino fundamental, as mensalidades custam R$ 1.131.

Vende-se a lógica de que a disciplina vai proporcionar a qualidade da educação, via obediência, e sem alguns dos debates indesejados, sobre racismo e sexualidade, por exemplonormalCatarina de Almeida Santospesquisadora da UnB (Universidade de Brasília), sobre os atrativos oferecidos a quem pode pagar

Para se tornar "militar", colégios particulares contratam policiais aposentados. Na prática, acabam competindo com a rede pública, que também seleciona pessoal da reserva para a função de monitores.

No Paraná, já são 635 PMs empregados em escolas. Por mês, cada um deles recebe R$ 5.500. O salário-base de um professor na rede é de R$ 6.100.

"Essa disciplina oferecida na escola ajudou meu filho a ter mais responsabilidades. Ele mudou pra melhor em casa também, onde cuida das suas coisas agora e até passa a farda que usa como uniforme", diz Nelcimary da Silva Miranda, mãe de João Victor, 12.

A criança cursa o sexto ano do ensino fundamental no Colégio Estadual Cívico-Militar Miguel Nassif Maluf, que fica em Wenceslau Braz, a 287 km de Curitiba.

Ele foi transferido para a escola em fevereiro. Em 2023, frequentava uma unidade regular da rede e, segundo a mãe, adaptou-se "muito bem" ao modelo.

"Semana passada, ele esteve como 'chefe da turma', um orgulho pra gente", conta Nelcimary.

Modelo une direita e esquerda

Criado por D. Pedro 2º, o ensino militarizado no Brasil se desenvolveu de forma contínua desde 1889, ano da proclamação da República.

O Exército comanda 15 colégios no país, mas o formato deu um salto na gestão Bolsonaro, quando ele lançou o Pecim em 2019.

A ampliação seguiu mesmo após o fim do programa por ordem do presidente Lula, que é contra o modelo e o gasto derivado dele: R$ 98,3 milhões, apenas para pagamento de monitores militares entre 2020 e 2022.

Historicamente, foi Mato Grosso, ainda nos anos de 1990, que levou as forças da caserna para dentro das escolas públicas.

Mais recentemente, o Distrito Federal e estados da região Norte, como Rondônia e Roraima, também se juntaram à lista.

Segundo o pesquisador Eduardo Santos, a militarização subverte o modelo pedagógico ao aderir a práticas dos quartéis.

"É um modelo que desconfigura o papel da escola. Quem não se encaixa é convidado a sair", afirma.

A secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, rebate.

"Entendo as críticas, mas a disciplina dá resultado. Tem que seguir as regras, caso contrário o aluno é transferido. Mas isso é raro, posso garantir. São três candidatos disputando uma vaga aqui, em média", diz.

Goiás tem hoje 82 unidades com gestão militar, com mais de 75 mil matrículas - cerca de 15% do total de alunos da rede.

Em Roraima, esse porcentual é de 30%.

Após intervenção do Ministério Público, em 2019, a secretaria não faz mais seleção de estudantes nem cobra pela farda usada como uniforme.

A entrada no sistema ocorre por sorteio transmitido via YouTube.

Aluno empreendedor

Só vejo vantagens. O conteúdo programático é o mesmo dos demais estabelecimentos e, além disso, os alunos têm acesso a conteúdos relacionados à ética, cidadania, empreendedorismo e empatia. normalAna Paula Vidottoprofessora

Seu filho, Vitório Vidotto de Toledo Vettore, 17, estuda em um colégio cívico-militar privado em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

A unidade adota o modelo de ensino da Defenda PM, entidade de oficiais da polícia paulista que presta serviços na área educacional.

A associação, que afirma não ter fins lucrativos, informou que sua intenção é disseminar valores e princípios éticos na sociedade.

Eduardo Santos explica que o apoio de parte dos pais se explica pelo fato de escolas militarizadas, por receberem mais dinheiro, apresentarem melhor estrutura que as demais, na contramão da precariedade da rede regular.

"Isso passa uma sensação para os pais de que apenas essas escolas militarizadas funcionam."

O professor ainda ressalta que parte delas fazem seleção de alunos, o que também colabora para a aprovação da comunidade e para a melhora dos índices de aprendizagem.

Colégio militar em Brasília
Colégio militar em Brasília Imagem: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

STF vai julgar se formato é constitucional

A constitucionalidade do ensino militar praticado pelas redes pública e privada ainda será julgada pelo Supremo Tribunal Federal. 

Há expectativa de que a ação apresentada pelo PT, PSOL e PCdoB contra o programa adotado pelo governo do Paraná possa ganhar repercussão nacional.

Instado a se manifestar pelo relator da ação, ministro Dias Toffoli, a Advocacia-Geral da União classificou os colégios cívico-militares como "inconstitucionais".

A AGU defende que o modelo seja descontinuado de forma gradual, conforme determinado pelo governo Lula. Não há prazo definido para uma decisão.

25 de agosto de 2024

Prisão do CEO do Telegram em Paris

O recente incidente envolvendo a prisão de Pavel Durov, CEO do Telegram, no aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris, traz à tona uma série de questões sobre a moderação e a governança de plataformas digitais. Pavel Durov, que fundou o Telegram em 2013, foi detido pela polícia francesa sob acusações de não tomar medidas adequadas para conter o uso criminoso da plataforma, incluindo tráfico de drogas, conteúdo sexual infantil e fraude. Este evento reacende o debate sobre a responsabilidade das plataformas de mídia social na moderação de conteúdo e cooperação com as autoridades.

O Telegram, com sede em Dubai e popular em várias regiões do mundo, especialmente na Rússia, Ucrânia e nos países da antiga União Soviética, tem se destacado como uma das principais plataformas de mídia social, ao lado de gigantes como Facebook, YouTube, WhatsApp, Instagram, TikTok e WeChat. Em 2024, estima-se que o Telegram possua mais de 800 milhões de usuários ativos mensais globalmente, com um crescimento significativo em regiões como América Latina, Sudeste Asiático e Oriente Médio.

A popularidade do Telegram se deve, em parte, à sua promessa de segurança e privacidade, características que têm atraído tanto ativistas quanto grupos menos benignos. A plataforma permite a criação de grupos com até 200.000 membros, e canais que podem alcançar milhões de usuários, facilitando a disseminação de informações, mas também permitindo a propagação de desinformação e conteúdo extremista. Este aspecto tem colocado o Telegram sob intensa vigilância de governos e organizações de segurança em diversos países.

Em termos de políticas de uso, o Telegram tem enfrentado críticas por sua abordagem mais relaxada em relação à moderação de conteúdo em comparação com outras plataformas. Apesar de algumas ações terem sido tomadas para remover conteúdo ilegal ou extremista, especialistas em cibersegurança apontam que o sistema de moderação do Telegram é significativamente mais fraco. Essa fraqueza tem alimentado a percepção de que a plataforma é um terreno fértil para atividades ilícitas, o que acabou por culminar na prisão de Durov.

O impacto do Telegram é notável em diversos contextos sociais e políticos. Na Rússia, por exemplo, o aplicativo foi banido em 2018, após Durov se recusar a fornecer dados de usuários ao governo russo, mas a proibição foi revertida em 2021. Este episódio reforça a complexidade do relacionamento entre o Telegram e as autoridades governamentais, tanto em países autoritários quanto democráticos, onde as questões de privacidade, liberdade de expressão e segurança pública estão constantemente em tensão.

O caso de Durov também expõe uma contradição nas políticas ocidentais em relação à liberdade de expressão. Enquanto o Telegram foi criticado por sua falta de moderação, a prisão de seu CEO por um país ocidental levanta questões sobre a aplicação seletiva de normas de liberdade de expressão e os duplos padrões percebidos por outras nações, como a Rússia, que rapidamente se posicionou contra a detenção de Durov.

Em conclusão, o Telegram continua a ser uma plataforma controversa, com uma base de usuários em crescimento e desafios contínuos em relação à moderação de conteúdo e conformidade com as leis locais. O futuro da plataforma dependerá de como conseguirá equilibrar as demandas por segurança e moderação com sua promessa central de privacidade e liberdade de expressão.

24 de agosto de 2024

Movimentos migratórios

[ Carta ao Leitor - Veja 27-Ag-24 ]

O texto aborda a questão do direito de migrar, contextualizando-o historicamente e refletindo sobre as implicações políticas e sociais da migração contemporânea. A narrativa inicia com a ideia de que a migração é um processo intrínseco à humanidade desde os primórdios, essencial para a sobrevivência e desenvolvimento das civilizações. O autor destaca que países como os Estados Unidos e o Brasil foram moldados por ondas de imigração, que trouxeram diversidade cultural e econômica.

No entanto, o texto também critica as políticas migratórias restritivas e o preconceito contra imigrantes, especialmente em contextos políticos recentes, como a era Trump nos EUA. A construção de muros e a retórica xenófoba são vistas como um retrocesso que nega a própria história de nações formadas por imigrantes. Além disso, o autor faz uma conexão com o perigo do chauvinismo e do radicalismo, utilizando como exemplo o nazismo na Alemanha de Hitler, que emergiu de ideias discriminatórias.

Por fim, o texto reforça a importância de respeitar a dignidade humana e o direito de ir e vir como princípios fundamentais para a convivência e o progresso social. A imigração, segundo o autor, deve ser acolhida como uma força positiva, capaz de enriquecer as sociedades em diversos aspectos.