31 de maio de 2005

Maratonista brasileiro pode ir à Justiça contra mudança de regra

A definição dos brasileiros que irão disputar a maratona do Mundial de
Helsinque, em agosto, pode parar nos tribunais.

Tudo porque a Iaaf, entidade que comanda o atletismo, resolveu alterar
as regras no meio do jogo, prejudicando dois brasileiros que ganharam
na rua o direito de disputar o evento na Finlândia.

Em fevereiro de 2004, William Amorim venceu a Maratona de Miami, tendo
a escolta de Genilson da Silva no pódio. Os dois fizeram tempo abaixo
de 2h18min.

A prova valia para a obtenção do índice para a Olimpíada. Dez meses
depois, a Iaaf relacionou as maratonas cujas marcas valiam para o
Mundial. Miami ficou fora.

"É sacanagem. Se falassem antes que Miami não valia, nem teria ido
lá", lamenta Amorim, 29. Seu treinador, Henrique Viana, estuda enviar
reclamação formal à confederação brasileira. Alexandre Minardi,
técnico de Silva, não fará queixa.

"É um caso passível de recurso à Corte de Arbitragem do Esporte", diz
Thomaz Mattos de Paiva, especialista em legislação esportiva.

Sem eles, o Brasil irá a Helsinque com Marilson dos Santos, Vanderlei
Cordeiro, Clodoaldo da Silva, Claudir Rodrigues e André Luiz Ramos,
que deve ficar com a vaga, mesmo com marca quase um minuto mais lenta
do que a de Amorim. Rômulo da Silva, lesionado, desistiu de ir ao
Mundial.

A Iaaf diz que a exclusão de Miami se deve ao não cumprimento de suas
normas. Para a prova ser oficial, o percurso deve ser atestado pelo
medidor credenciado pela Iaaf ou pela Aims (Associação Internacional
de Maratonas e Corridas de Rua).

Em dezembro, a federação instituiu que só valeriam os tempos de provas
mensuradas por profissionais de nível A ou B (mais experientes).

"Maratonas como as de Londres, Nova York, Boston, Berlim e Chicago
cumprem o novo critério. Miami, não", afirmou à reportagem Nick
Davies, porta-voz da Iaaf.

Hoje, no Brasil, apenas as edições de São Paulo, Rio, Florianópolis e
Porto Alegre, que foi disputada neste domingo, obedecem à regra.