2 de junho de 2005

Vanderlei Cordeiro viaja para acompanhar apelo por ouro olímpico

O ataque do ex-padre irlandês Cornelius Horan a Vanderlei Cordeiro de
Lima na maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas terá o seu capítulo
final na sexta-feira, data em que será julgado na Corte de Arbitragem
do Esporte (CAS) o recurso impetrado pelo Comitê Olímpico Brasileiro
(COB), que solicita uma medalha de ouro ao atleta. Entretanto, o
próprio técnico de Vanderlei, Ricardo D'Angelo, tem pouca esperança de
conseguir a vitória no tapetão.


Vanderlei Cordeiro é atacado durante a maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas
"Eu pessoalmente acho que não vai mudar nada. Essas instituições (o
CAS, o COI e a IAAF) são órgãos muito conservadores. Acho difícil
reverterem uma situação como essa", disse o treinador.

A comitiva brasileira viaja na noite desta terça-feira para Lausanne,
na Suíça, onde será realizado o julgamento. Marcus Vinícius Freire,
chefe da missão brasileira na Olimpíada de Atenas, também integra o
grupo. Vanderlei, no entanto, teve que adiar seu vôo para a
quarta-feira, devido a uma virose. "Peguei uma virose, que me deixou
com uma infecção. Havia até uma suspeita de dengue, mas não é nada
grave", explica o atleta. *

Vanderlei liderava a maratona quando foi atacado por Horan no 36º
quilômetro. O brasileiro foi ajudado pelo grego Polyvios Kossivas, que
retirou o irlandês de cima do brasileiro e jogou o maratonista de
volta à corrida. Vanderlei perdeu tempo e ritmo e acabou ficando com a
medalha de bronze.

O apelo brasileiro quer que Vanderlei receba do Comitê Olímpico
Internacional (COI) uma medalha de ouro, sem prejuízo ao italiano
Stefano Baldini, que ganhou a prova. Assim, a maratona dos Jogos
Olímpicos de Atenas teria dois campeões. "O mais importante é a
presença lá, com eles reconhecendo que erraram no quesito da
segurança", disse D'Angelo.

O caso já foi julgado pela Associação Internacional das Federações de
Atletismo (IAAF), que não aceitou o pedido brasileiro. O CAS é a
instância máxima da justiça esportiva mundial.

O caso será julgado por três membros indicados pelos envolvidos. O COB
e Vanderlei indicaram o advogado suíço Jean Pierre Morand. A IAAF
nomeou o canadense Richard Mclaren e o CAS indicou o advogado sueco
Haj Hobér. Kossivas está entre as testemunhas do brasileiro.

O ataque de Cornelius Horan transformou Vanderlei Cordeiro de Lima em
celebridade. Até mesmo o primeiro-ministro do Japão, Junichiro
Koizumi, fez questão de se encontrar com o maratonista. A história
também será transportada para o cinema.