19 de agosto de 2008

Campeão mundial e olímpico, Saladino ainda é "atleta em formação"

O panamenho Irving Saladino acaba de conquistar o título olímpico do
salto em distância, é campeão do mundo e está a apenas 22 centímetros
do recorde mundial de 17 anos de Mike Powell. Seu técnico, o
brasileiro Nélio Moura, porém, o considera ainda um atleta em
formação.

"Ainda considero o Irving um atleta em desenvolvimento. Ele é o melhor
do mundo, mas ainda com muita coisa a melhorar. E ele também sabe
disso e está trabalhando para isso", afirma Nélio, técnico também de
Maurren Maggi, que compete nesta segunda-feira nas Olimpíadas de
Pequim.

A melhor marca da carreira do primeiro medalhista de ouro da história
do Panamá é 8,73 m, conquistada nesse ano. O recorde de Powell, 8,95
m, é de 1991. Para Nélio, a partir do ano que vem, Saladino estará
pronto para ameaçar a marca do norte-americano. "Ele pode quebrar o
recorde mundial. No ano que vem, é um objetivo viável para ele".

Para isso, porém, ele terá de evoluir tecnicamente. "Temos tentado
evoluir em três áreas, força, velocidade e técnica. E sempre que você
mexe nesse tripé, melhora alguma coisa, a outra piora. As dificuldades
que ele está tendo nessa temporada são justamente por isso. Ele
evoluiu muito na força e na velocidade, mas a técnica ainda está um
pouco atrás. Assim que tudo ficar no mesmo patamar, ele voltará a
quebrar suas marcas", explica Nélio.

Nas Olimpíadas de Pequim ele mostrou justamente essa inconsistência.
Na fase de classificação, acertou apenas um salto. Na final, queimou
três de seus seis saltos. "Em um tripé, quando você altera um ou dois
pés, tudo perde a sustentação. E ele está assim hoje", analisa o
treinador.

A história dos dois começou em 2004, quando Saladino perguntou para
Keila Costa se Nélio era o treinador do centro internacional de saltos
de São Paulo. "Ele até achava que meu nome era outro, parecido, mas
outro", lembra Nélio, se lembrando que o panamenho chegou ao país
atrás do técnico Cornélio.

"É um resultado histórico para o atletismo da América do Sul, porque
para a Iaaf (federação internacional de atletismo) o Panamá é no nosso
continente, e para o Brasil. O Irving materializa algo que eu venho
dizendo há algum tempo: o Brasil tem condição de desenvolver campeões
olímpicos. Seguramente temos atletas em potencial que não foram
descobertos que poderiam ser tão bons quanto ele. E a gente tem a
competência para desenvolvê-los, sem precisar sair do Brasil",
desabafou o treinador.