23 de agosto de 2008

Com recorde olímpico, queniano é ouro na maratona olímpica

O queniano Samuel Kamau Wansiru, de apenas 21 anos, conquistou a
primeira medalha de ouro olímpica na maratona para o Quênia, neste
sábado. Largando da Praça Celestial da Paz e chegando ao estádio Ninho
de Pássaro, o fundista partiu no 35º quilômetro para uma vitória
tranqüila, em 2h06min32s, novo recorde olímpico.

Wansiru, que não chegou à China com vitórias expressivas em seu
currículo, mostrou uma excelente forma física para bater a antiga
marca, que pertencia ao português Carlos Lopes, com 2h09min21, feita
há 24 anos, nos Jogos de Los Angeles. Completaram o pódio o marroquino
Jaouad Gharib, de Marrocos, com 2h07min06 e o etíope Tsegay Kebede,
2h10min00s. Já o italiano Stefano Baldini, que defendia seu título,
ficou na 12ª posição, a seis minutos do queniano.

A prova não foi boa para os brasileiros, que tinham grandes esperanças
de medalha, principalmente após o bronze de Vanderlei Cordeiro em
Atenas-2004. Entre os três atletas nacionais, dois abandonaram: Franck
Caldeira parou antes dos 25 km, e Marílson dos Santos, antes dos 35
km. Assim, sobrou para José Teles, 18º no Mundial de Osaka-2007, o
melhor resultado brasileiro. Ele completou em 2h20min25s, na 38ª
posição.

A corrida começou com intensidade forte, apesar do calor de Pequim,
sendo que os quenianos Samuel Kamau Wansiru e Martin Lel foram os
principais responsáveis por puxarem o ritmo da prova. A marca de 5 km
trouxe os brasileiros em boa posição, perto dos líderes, com Franck em
20º, três posições à frente de Marílson, enquanto José Teles não
conseguiu acompanhar o ritmo.

Após esta primeira passagem, a velocidade seguiu aumentando e o
pelotão começou a se desfazer, seguindo com Quênia, com três atletas,
Etiópia e Eritréia à frente. O espanhol Jose Manuel Martinez chegou a
tentar uma disparada nos 10 km, mas o grupo de corredores o abafou.
Enquanto isso, Franck Caldeira ficou, caindo para 39º, e Marílson
assumiu a liderança brasileira, na 10ª colocação. Isolado, o
brasiliense manteve a estratégia de acompanhar de perto o pelotão e
guardar fôlego para o final.

Na parte intermediária dos 42,195 km da maratona, a situação pouco se
alterou, o que prejudicou Marílson. O campeão da Maratona de Nova York
em 2006 não manteve a proximidade, e a desvantagem para o grupo de
cinco primeiros aumentou na metade do percurso, com a 18ª colocação, a
dois minutos dos líderes e seu desempenho passou a piorar, assim como
o de Franck, que desistiu antes dos 25 km.

A principal movimentação ocorreu por volta do quilômetro 30, mudando o
curso da maratona. Mostrando boa forma física, o etíope Deriba Merga
tentou uma fuga, quebrando o trabalho de equipe do Quênia e sendo
acompanhado com proximidade apenas por Samuel Wansiru e,
posteriormente, o marroquino Jaouad Gharib, que se recuperou.

Passados os 35 km, nova fuga, desta vez do queniano, que
surpreendentemente deixou Merga para trás e trouxe Gharib consigo,
mesmo que o marroquino não conseguisse esconder seu sofrimento e suas
dores.

A segurança foi visivelmente reforçada no fim da prova, para evitar
incidentes como os que tiraram o brasileiro Vanderlei Cordeiro da
liderança da tradicional disputa, fato memorável ocorrido em
Atenas-2004, quando um manifestante invadiu o percurso. Foram
colocados voluntários por toda a extensão das grades do percurso para
garantir uma chegada tranqüila.

De braços abertos após uma volta completa na pista do Ninho de
Pássaro, a chegada realmente não teve problemas para Wansiru, que só
comemorou enquanto batia o recorde. A maior surpresa foi a
ultrapassagem de Kebede sobre Merga, já dentro do estádio, para
garantir o bronze já nos metros finais.

Apesar da tradição queniana na prova, com muitos títulos nas maiores
competições internacionais da maratona, nunca um fundista do país
havia conseguido o ouro olímpico, o que Wansiru leva para casa após o
feito.