Maurren Maggi virou de cabeça para baixo. Convites para entrevista
surgem aos montes, e ela tenta atender a todos pacientemente. "É uma
forma de agradecer a divulgação que vocês sempre me deram", justifica
aos jornalistas.
Nesta sexta-feira, não foi diferente. Depois de participar com alguns
medalhistas olímpicos para o Altas Horas, a saltadora partiu direto
para ser sabatinada no Roda Viva, da TV Cultura. "O treino eu tiro de
letra. Essa maratona na imprensa é mais estressante", confessou.
Apesar de dizer ser estressante a ronda diante de câmeras e
microfones, Maurren mostrou desenvoltura, respondendo às as perguntas
sem desvios, sem titubear. Foi essa mesma postura "guerreira" que ela
teve para saltar 7,04 m e ganhar a medalha de ouro. "Trabalho bem sob
pressão. A maior pressão sou eu que exerço em mim mesma, não as
pessoas", disse.
Na avaliação da saltadora, faltou esse tipo de preparo psicológico
para alguns atletas nacionais nos Jogos Olímpicos de Pequim. "Material
humano a gente tem, mas alguns atletas não chegaram maduros o
suficiente para uma competição como essa", justificou.
Maurren disse que tem uma psicóloga "boa e amiga, a Doutora Cris". Mas
a saltadora não credita o seu sucesso exclusivamente a essa parceria.
"A gente conversava muito mesmo na época que eu tava fora [das
competições]. Ela me acompanha quando eu preciso. Mas eu busquei força
mesmo foi na minha filha", disse, em referência a Sophia, de três
anos, de quem a mãe não perdia a atenção.
Maurren citou outro fator que colabora, em sua avaliação, que inibe a
conquista de resultados mais expressivos para o Brasil. Segundo a
saltadora, falta mais ambição a alguns atletas. "Eles já se contentam
com o fato de disputar uma Olimpíada, sem aspirar a vôos mais altos.
Isso precisa mudar".
Apesar da advertência, Maurren Maggi celebrou o desempenho do
atletismo brasileiro em Pequim, que ela qualificou como histórico.
"Tivemos o maior número de finais olímpicas. Além disso, quase
beliscamos o bronze nos dois revezamentos".
Após mais de uma hora de perguntas e o fim da gravação, Maurren não
transparecia cansaço. "Obrigado a todos vocês de coração, se soubesse
que era tão bom viria antes", disse, para depois soltar. "Foi bom que
mandei um monte de recados sem citar nomes".