contra sua própria marca. Os velocistas brasileiros, porém, subvertem
essa regra. Sem nenhum representante entre os melhores do mundo nas
provas mais rápidas, ainda assim o revezamento 4x100 m verde amarelo
está entre os mais velozes do planeta.
"No ano passado, no Mundial, terminamos em quarto lugar, mas com um
tempo que nos daria a medalha de prata ou de ouro em todos os Mundiais
anteriores. Isso mostra que podemos chegar longe. Só precisamos estar
focados e acreditar", diz Vicente Lenílson.
O segredo para esse bom rendimento é a superação e uma inovação do
técnico Jayme Netto. "Esse time sempre foi muito centrado, movido pela
determinação e treino forte. E, claro, temos uma passagem de bastão
que hoje é copiada no mundo inteiro. Mas sempre tivemos atletas de
muita garra, muita força de vontade, que nunca se intimidou com atleta
nenhum", afirma Lenílson, o vovô da equipe, com 31 anos.
Um grupo de seis velocistas está em Macau para a fase de aclimatação
da equipe brasileira em Pequim: o veterano Lenílson, Sandro Viana,
Bruno Tenório, Rafael Ribeiro, Nilson André e José Carlos Moreira, o
Codó. "Nunca tivemos um grupo tão homogêneo. Individualmente, esse
time é até melhor do que o do ano passado, quando fomos quarto
colocados no Mundial", elogia o técnico Jayme Netto.
No Mundial de Osaka, no Japão, o Brasil foi o quarto colocado com
37s99, usando o quarteto formado por Lenílson, Ribeiro, Basílio Morais
e Viana. Do grupo, só Morais não está na equipe para Pequim. O time,
porém, tem uma característica que pode incomodar: a inexperiência. Do
sexteto que está treinando para correr na China, Vicente e Sandro
Viana têm 31 anos, Codó tem 24 e Nilson e Rafael, apenas 22.
"São garotos e mesmo o Sandro também vai para sua primeira Olimpíada.
Então, esse é o cuidado maior que eu tenho. Mostrar que Olimpíada é
uma competição normal e que nós temos de buscar a nossa superação",
diz Netto.
Nesse contexto, Lenílson, medalhista de prata em 2000, usa o que
aprendeu quando era ele que estava na condição dos garotos. "Em
Sydney-2000, eu tinha apenas 23 anos e hoje sou quase um vovô. Naquela
época, o Nei (Claudinei Quirino) me falava que os adversários não eram
melhores do que a gente em nenhum sentido. E hoje eu estou tentando
passar para os meninos isso. Outras equipes podem estar correndo
melhor do que nós, mas não são imbatíveis".