O cientista cujo laboratório ajudou a desvendar o escândalo de doping envolvendo o laboratório BALCO e que trouxe a atenção do mundo para o uso de drogas no esporte teme que possa haver mais escândalos.
"Estive imaginando se vou acordar daqui cinco anos e se vai existir outro caso BALCO," afirmou o Dr. Don Catlin, cujo Laboratório Olímpico Analítico da UCLA identificou o esteróide THG. "Eu não quero que isso aconteça," declarou Catlin a Reuters em uma entrevista por telefone de seu laboratório em Los Angeles. Mas ele avisou que o fato pode se repetir.
"Nós estamos trabalhando nisso, mas basicamente precisamos de novos investimentos para manter a pesquisa," disse.
Milhões de dólares são necessários para laboratórios adicionais e químicos para pegar casos de doping, afirmaram oficiais do antidoping.
O escândalo chegou a um momento decisivo na sexta-feira quando o fundador da Bay Area Laboratory Co-Operative (BALCO), Victor Conte, e outros dois acusados concordaram em apelar por um acordo que significará tempo de prisão mais curto para Conte e Greg Anderson, o treinador pessoal de Barry Bonds, do San Francisco Giants. Ambos admitiram que combinaram a distribuição de esteróides para atletas e lavagem de dinheiro.
O LIMITE
Apesar da notoriedade da BALCO e sua ligação com renomados atletas como Bonds, Jason Giambi, do New York Yankees, e a corredora e estrela Marion Jones, o escândalo não interrompeu o uso de drogas no esporte, afirmou Catlin e outros. "Não acredito que isso tenha mudado o esporte como nós o conhecemos," declarou a Reuters Dick Pound, diretor da Agência Mundial de Antidoping (WADA). "Ainda existem sociopatas lá fora que estão tentando chegar ao limite por meio do uso de drogas e haverá entidades como a Agência Mundial e a Agência Norte-Americana Antidoping tentando manter o esporte no mais alto nível quanto pudermos," reiterou Pound de seu escritório em Montreal, Canadá.
O líder da Agência Mundial afirmou que estava decepcionado que o apelo de barganha não requeira que Conte e os outros envolvidos dêem os nomes dos atletas que eles supriam com drogas.
Adicionalmente, o acordo parece encerrar a possibilidade de testemunho aberto de Bonds, Giambi, Jones e mais de 30 atletas que apareceram diante da investigação federal a portas fechadas sobre o caso.
Tal acordo "alimenta o cinismo e sarcasmo internacionais" a respeito se os Estados Unidos têm um interesse genuíno em eliminar o doping, disse o especialista em esteróides Dr. Gary Wadler ao The San Francisco Chronicle.