Vírus H1N1 é «notoriamente imprevisível»
Estudo científico foi hoje publicado na revista da Associação Médica Americana
2009-08-12
Jeffery Taubenberger é um dos autores do estudo |
Esta é a conclusão de um estudo hoje publicado na revista da Associação Médica Americana («The Journal of the American Medical Association» - JAMA) da autoria de dois cientistas do Instituto Nacional das Doenças Alérgicas e Infecciosas (NIAID), pertencente aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos.
Segundo David Morens e Jeffery Taubenberger, os dados disponíveis são insuficientes para concluir decisivamente que a pandemia de 1918-19 foi precedida por uma vaga mais branda, dita de Primavera, e que o vírus se tornou mais mortal entre o início e o final de 1918.
Esta afirmação contradiz a ideia generalizada de que as pandemias graves de gripe costumam ser precedidas de uma vaga mais suave da doença, com origem em alguns relatos de que aquela devastadora pandemia, conhecida como «gripe espanhola» teria seguido esse padrão.
Os dois investigadores assinalam que as duas outras pandemias do século XX, as de 1957 e 1968, tiveram uma única ocorrência sazonal e, em cada caso, os vírus causadores não se tornaram significativamente mais patogénicos ao longo do primeiro ano de circulação.
Na sua perspectiva, o rasto variável das anteriores pandemias de gripe dificulta a previsibilidade do curso futuro do vírus A H1N1 de 2009, que apareceu pela primeira vez no Hemisfério Norte na Primavera passada.
Gripe espanhola matou milhares de pessoas |
Todavia, aconselham a que o vírus A H1N1 de 2009 continue a ser estreitamente seguido e estudado tendo em conta a aproximação da temporada de gripe no Hemisfério Norte.
“Tal como a vida”, escrevem os autores, “as epidemias de gripe só podem ser compreendidas olhando-se para trás, mas só podem ser vividas olhando-se para a frente”.
Nesse sentido, concluem, “os enérgicos esforços em curso para enfrentar o vírus A H1N1 com vacinas e outras medidas são respostas essenciais para um vírus notoriamente imprevisível”.
Artigo: Understanding Influenza Backward, David M. Morens, MD; Jeffery K. Taubenberger, JAMA. 2009;302(6):679-680.