1 de novembro de 2025

Açúcar x Adoçante

A discussão será organizada segundo três eixos: (1) o papel do açúcar, (2) os adoçantes como alternativa e (3) as lacunas e implicações farmacológicas. 

1. O açúcar e seus efeitos – perfil farmacológico e de saúde.

O açúcar adicionado (sacarose, glicose, frutose, xarope de milho de alta frutose) tem longa história de associação com riscos metabólicos: obesidade, resistência à insulina, dislipidemia, hígado gorduroso não alcoólico, e doenças cardiovasculares. A literatura em epidemiologia nutricional evidencia que dietas ricas em açúcares livres elevam a carga glicêmica, favorecem o acúmulo de gordura visceral, ativam vias inflamatórias e oxidativas. Por exemplo, em relatório da American Heart Association (2018) destaca-se que a substituição de bebidas açucaradas por outras alternativas pode beneficiar adultos, embora os dados em longo prazo sejam limitados. 

Do ponto de vista farmacológico, a ingestão de açúcar elevado promove secreção de insulina, ativa a via do mTOR, estimula lipogênese, e em longo prazo há ativação do sistema de sinalização de glicose (via PKC, AGE, RAGE) que contribui para dano vascular e metabólico.

Dado esse panorama, a lógica de substituir ou reduzir o açúcar na dieta é plausível como estratégia de redução de risco. Porém, o simples “substituir por adoçantes” não está isento de complexidades.

2. Adoçantes como alternativa: promessas e problemas

2.1. Promessas

Os adoçantes (edulcorantes) — tais como sucralose, aspartame, sacarina, acessulfame-K, estévia, além de álcoois de açúcar (xilitol, eritritol) — são comumente utilizados para reduzir a carga calórica da dieta mantendo o sabor doce. Em contextos de sobrepeso/obesidade ou diabetes tipo 2, isso parece uma estratégia atraente: reduzir o consumo de calorias e glicose pós-prandial.

Em 2018, a AHA reconheceu que para adultos que consomem muitas bebidas açucaradas, as versões com adoçantes podem reduzir a ingestão calórica e representar “estratégia conveniente”. 

2.2. Evidências recentes de alerta

Entretanto, recentes artigos (incluindo os publicados no Medscape) apontam para riscos ou efeitos adversos dos adoçantes:


  • Alterações no microbioma intestinal: estudo citado por Medscape (2022) mostrou que adoçantes “sem nutrientes” modificaram o microbioma humano e influenciaram tolerância à glicose.  
  • Possível risco cardiovascular: estudo sobre o eritritol apontou que ingestão em voluntários saudáveis (30 g) resultou em aumento de agregação plaquetária e marcadores de ativação plaquetária, sugerindo efeito pró-trombótico.  
  • Declínio cognitivo: estudo longitudinal com adultos e idosos indicou que maior consumo de adoçantes de baixa ou nenhuma caloria associou-se a 62% mais rápido declínio global cognitivo, comparado ao menor consumo.  
  • Diretriz da World Health Organization (OMS) de 2023: uso de adoçantes para perda de peso é desencorajado, com associação a maior risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e morte em adultos.  
  • Em estudo sobre apetite, consumo de sucralose em mulheres e pessoas com obesidade aumentou a ativação cerebral de recompensa e o consumo alimentar subsequente num buffet.  

2.3. Considerações farmacológicas

Do ponto de vista farmacológico/ fisiológico, os adoçantes não são “neutros”. Apesar de não fornecerem ou fornecerem muito poucas calorias, podem:


  • ativar receptores de sabor doce (T1R2/T1R3) na boca e no intestino, com consequente liberação de hormônios incretínicos, alteração do trânsito intestinal ou secreção de peptídeos gastrointestinais;
  • alterar o microbioma intestinal, influenciando a absorção de glicose, secreção de GLP-1/GLP-2, e a permeabilidade intestinal;
  • produzir metabólitos ou efeitos indiretos que afetam a agregação plaquetária (como no caso do eritritol) ou alterações vasculares;
  • modular circuitos de recompensa cerebral de modo a alterar o comportamento alimentar (como evidenciado nas mulheres estudadas com sucralose).

Logo, a substituição do açúcar por adoçante não configura simplesmente “zerar calorias” e eliminar risco, mas introduz outras vias de modulação biológica que merecem escrutínio.

3. Crítica à evidência e implicações para a farmacologia e saúde pública

3.1. Força e tipo de evidência

  • Grande parte das evidências são observacionais, o que limita inferência de causalidade (por exemplo, o achado de maior risco cardiovascular ou cognitivo com adoçantes pode sofrer de viés de consumo, confusão residual, efeito reverso – pessoas já em risco podem consumir mais adoçantes). (ver referência da AHA: “interpretação cautelosa”.)  
  • Estudos de intervenção controlada em humanos são limitados, de curto prazo ou com doses talvez não equiparáveis aos consumos habituais (por exemplo, 30 g de eritritol).  
  • Ainda falta padronização: diferentes adoçantes, diferentes populações, diferentes contextos (saudáveis, obesos, diabéticos, idosos) e diferentes desfechos (metabólico, cardiovascular, cognitivo).
  • Os mecanismos fisiológicos ainda são pouco elucidados (por exemplo, receptor de eritritol nas plaquetas permanece hipotético) e os efeitos de longo prazo permanecem incertos.
  • Revisões sistemáticas recentes (como a da OMS) sugerem que evidência não suporta o uso generalizado de adoçantes para controle de peso ou prevenção de doenças crônicas.  

3.2. Implicações farmacológicas e para políticas

  • Como pesquisador de farmacologia, há necessidade de investigação mais detalhada dos mecanismos de ação dos adoçantes: por exemplo, interação com receptores gustativos extrabucais, impacto no eixo microbioma-intestino-cérebro, efeitos sobre agregação plaquetária/vasculatura.
  • Do ponto de vista de prescrição ou recomendação, não é suficiente tratar adoçantes como “inertes” — eles devem ser vistos como substâncias bioativas, com risco-benefício a avaliar.
  • Em políticas públicas, a mensagem deve ser mais cautelosa: nem açúcar livre elevado, nem substituição indiscriminada por adoçantes são “soluções mágicas”. O foco pode estar na redução geral de doces/ sabores muito adocicados, no aumento de água e bebidas sem sabor doce, no estímulo ao paladar menos doce.
  • Em educação em saúde, útil considerar que adoçantes podem manter ou reforçar preferência por sabores doces, o que pode perpetuar o desejo por alimentos ultraprocessados, em vez de favorecer dieta mais natural.

3.3. Recomendações para pesquisa futura

  • Ensaios clínicos randomizados de longa duração que comparem consumo de açúcar vs adoçantes vs água/neutra, com desfechos metabólicos, cardiovasculares, cognitivos, e com amostras representativas de diversas faixas etárias, sexos, e condições (ex: diabetes, obesidade).
  • Estudos farmacológicos para identificação de receptores ou mecanismos de ação dos adoçantes (por exemplo, no sistema de agregação plaquetária, ou no sistema de recompensa cerebral).
  • Estudos de farmacocinética/farmacodinâmica dos adoçantes: absorção intestinal, metabolização, efeitos sobre microbioma, efeitos pós-prandiais.
  • Pesquisa sobre dose-resposta, efeitos cumulativos, interações com outros alimentos, impacto de adoçantes “naturais” (ex: estévia) versus “artificiais”.
  • Avaliação de políticas públicas: qual impacto real na população da substituição de açúcar por adoçantes, e se isso efetivamente traduz‐se em redução de doença crônica ou apenas em modificação de hábito.

4. Conclusão

Assim, à luz dos achados recentes, a noção de que adoçantes são uma alternativa totalmente segura ao açúcar deve ser revista com cautela. Enquanto o açúcar elevado continua claro fator de risco metabólico e cardiovascular, os adoçantes – ao menos alguns deles – parecem ter efeitos biológicos que não são desprezíveis. Considerações importantes:

  • Para indivíduos com diabetes tipo 2 ou que consomem grandes quantidades de açúcares, os adoçantes podem ainda ter um papel de substituição, mas não devem ser vistos como “sem efeito”.
  • Para a população em geral, especialmente crianças ou aqueles com metabolismo saudável, a redução de ambos — açúcar e adoçantes — pode ser uma estratégia mais robusta.
  • Do ponto de vista farmacológico, é crucial tratar adoçantes como compostos bioativos, investigar seus efeitos sistêmicos e considerar os riscos potenciais.
  • Em formulação de políticas públicas, promover a preferência por bebidas sem sabor doce, e reduzir o “gosto do doce” como norma cultural pode trazer benefício a longo prazo.







23 de dezembro de 2024

Revisão Sistemática

Uma revisão sistemática requer uma busca exaustiva e abrangente com critérios de avaliação de qualidade, enquanto uma revisão rápida pode ser concluída com uma avaliação formal de qualidade com tempo limitado. A diferença são meses de trabalho.

De acordo com este artigo, existem 14 tipos de revisão de literatura.

Se você começar, concentre-se em 2 tipos principais:

Revisões sistemáticas → análise exaustiva
Revisões rápidas → avaliação rápida




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3 de novembro de 2024

Sobre a Singularidade

A singularidade tecnológica é um conceito teorizado principalmente por autores como Ray Kurzweil e Vernor Vinge. Refere-se a um ponto no futuro em que os avanços tecnológicos, particularmente na inteligência artificial (IA), acontecem a uma taxa tão acelerada que alteram radicalmente a sociedade e o ser humano. Especificamente, a singularidade é caracterizada pelo momento em que uma IA atinge um nível de inteligência superior ao humano e passa a se autodesenvolver, gerando uma explosão de conhecimento e poder de forma autônoma, de modo que o desenvolvimento e as consequências desses avanços seriam, a partir desse ponto, imprevisíveis para a humanidade (Kurzweil, 2005; Vinge, 1993).


Significado e Possibilidades


A ideia central da singularidade está baseada na hipótese de que a IA poderá se tornar não apenas mais inteligente que os humanos, mas também capaz de se aprimorar continuamente. Este cenário levaria a um crescimento exponencial no desenvolvimento da inteligência artificial, com a criação de tecnologias inimagináveis. Kurzweil (2005) argumenta que esse ponto pode ser atingido por volta de 2045, com o avanço das redes neurais, processamento em paralelo e aumento de poder computacional. Em contraste, alguns pesquisadores, como Paul Allen, são céticos e acreditam que a singularidade pode não ocorrer, citando as limitações inerentes à própria natureza da inteligência artificial e a complexidade do cérebro humano como obstáculos (Allen, 2011).


Riscos Associados


Os riscos associados à singularidade são amplamente debatidos e podem ser divididos em três principais áreas:


1. Perda de Controle: Uma IA superinteligente poderia desenvolver objetivos e capacidades que não conseguimos compreender ou controlar, potencialmente desconsiderando interesses humanos. Autores como Nick Bostrom (2014) exploram esse risco e sugerem que um sistema de IA com autonomia total pode tornar-se perigoso, especialmente se suas metas não estiverem alinhadas com os valores humanos. Este é o problema do alinhamento, onde o desafio está em garantir que as ações da IA estejam de acordo com os interesses humanos.

2. Desigualdade e Concentração de Poder: A singularidade pode acentuar as desigualdades sociais, já que o controle sobre a IA avançada pode ser monopolizado por grandes corporações ou governos, o que resultaria em uma concentração de poder sem precedentes. Yuval Noah Harari (2018) argumenta que essa concentração de poder poderia transformar a sociedade de maneira irreversível, limitando a autonomia e liberdade individual.

3. Impactos no Mercado de Trabalho e Existência Humana: Um sistema de IA capaz de realizar praticamente qualquer atividade humana com eficiência superior representa uma ameaça ao mercado de trabalho. Isso implica em desemprego massivo e transformações econômicas que poderiam desestabilizar sistemas de suporte social. Além disso, questões filosóficas surgem sobre o propósito da existência humana quando nossas atividades podem ser superadas por máquinas.


Possibilidade de Chegada à Singularidade


Embora as previsões variem, muitos especialistas consideram a singularidade uma possibilidade concreta devido ao rápido progresso na área de IA. No entanto, é importante notar que a singularidade requer avanços que não são apenas incrementais. São necessárias inovações significativas em áreas como processamento de linguagem natural, compreensão contextual, consciência e, possivelmente, a resolução do enigma da “consciência” em si. Apesar de avanços significativos, há questões fundamentais sobre a natureza da inteligência e do aprendizado que ainda não compreendemos completamente, e isso pode ser um obstáculo à singularidade.


Conclusão


A singularidade representa um marco hipotético na trajetória da inteligência artificial e apresenta tanto uma oportunidade para um avanço sem precedentes quanto riscos consideráveis que precisam ser cuidadosamente abordados. Enquanto teóricos como Kurzweil (2005) acreditam na inevitabilidade da singularidade, outros veem-na como improvável no curto prazo devido aos desafios técnicos e éticos envolvidos. A preparação para a singularidade requer uma abordagem responsável e colaborativa entre especialistas, governos e a sociedade, para assegurar que o desenvolvimento da IA seja direcionado para o benefício coletivo e não para o controle ou concentração de poder.

Avanço do GPTo2 e a singularidade






2 de outubro de 2024

Samsung faz cortes e reduz número de funcionários


@profdarwin


A Samsung Electronics Co. está demitindo trabalhadores no Sudeste Asiático, Austrália e Nova Zelândia como parte de um plano para reduzir o quadro global de funcionários em milhares de empregos, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.


A notícia recente sobre a Samsung Electronics Co., publicada pela Bloomberg, relata que a empresa está realizando cortes de funcionários em várias regiões do Sudeste Asiático, além da Austrália e Nova Zelândia, como parte de um plano de redução global da força de trabalho. A expectativa, segundo fontes, é de que os cortes atinjam cerca de 10% dos trabalhadores em determinadas subsidiárias, dependendo da localização. Esta decisão segue uma tendência já observada em outras grandes corporações globais, que buscam otimizar operações e reduzir custos diante de condições econômicas desafiadoras.


O processo de redução de quadro de funcionários em uma escala global, especialmente em grandes empresas de tecnologia como a Samsung, pode ser associado a fatores como retração econômica, mudança nos hábitos de consumo, aumento da concorrência e dificuldades em manter margens de lucro durante períodos de incerteza econômica. Segundo pesquisas recentes, o setor de eletrônicos tem enfrentado um cenário de desaceleração da demanda, especialmente após o período de pandemia que causou um boom temporário no consumo de tecnologia e equipamentos eletrônicos (OECD, 2023).


No caso específico da Samsung, a decisão de reduzir sua força de trabalho pode estar vinculada ao impacto que as flutuações nos mercados de semicondutores têm tido sobre as receitas da empresa. Conforme reportado por Singh (2023), o mercado global de semicondutores, que é uma área crítica para a Samsung, tem sofrido quedas nas vendas devido à diminuição da demanda de produtos eletrônicos de consumo e ao excesso de oferta em alguns segmentos. Além disso, as tensões geopolíticas, como aquelas entre os Estados Unidos e a China, afetam negativamente o setor de tecnologia, prejudicando cadeias de suprimentos globais e impondo restrições à exportação de tecnologias críticas.


Essas medidas da Samsung também ilustram uma abordagem comum em empresas que buscam sustentar sua competitividade em tempos de crise: o ajuste de pessoal é um método frequente para reduzir custos fixos e adaptar-se às mudanças nas condições econômicas. Segundo Kotter e Schlesinger (2008), o downsizing pode ser uma resposta defensiva em tempos de recessão, mas traz consigo riscos importantes, como a perda de talentos e o impacto sobre a moral dos funcionários. Ademais, há um efeito cascata que pode se manifestar em termos de confiança dos consumidores e na relação com os stakeholders.


Outras análises sugerem que, embora o corte de empregos possa parecer benéfico a curto prazo em termos de balanço financeiro, ele pode comprometer a capacidade da empresa de inovar e sustentar um bom atendimento aos clientes no futuro. Huselid (1995) aponta que o capital humano é um dos principais ativos de empresas que operam em setores intensivos em tecnologia, e a perda de talentos pode enfraquecer a habilidade da empresa de enfrentar desafios competitivos.


Portanto, a decisão da Samsung de reduzir sua força de trabalho é uma tentativa de ajustar sua estrutura operacional a uma realidade econômica incerta, porém, levanta questionamentos sobre o impacto dessas ações na sua capacidade de continuar inovando e mantendo sua posição de destaque no mercado global de tecnologia.


### Referências


HUSELID, M. A. The impact of human resource management practices on turnover, productivity, and corporate financial performance. *Academy of Management Journal*, v. 38, n. 3, p. 635-672, 1995.


KOTTER, J. P.; SCHLESINGER, L. A. Choosing Strategies for Change. *Harvard Business Review*, 2008.


OECD. Global Economic Outlook, 2023. Disponível em: https://www.oecd.org/economic-outlook/


SINGH, R. Semiconductor Market Analysis 2023. *TechCrunch*, 2023. Disponível em: https://techcrunch.com