10 de novembro de 2022

Líder, brasileiro "quebra" na maratona de NY; entenda por que isso acontece

Esforço em excesso, falta de água ou alimentação insuficiente podem levar a fadiga e abandono de prova


A cena não foi bonita.
No último domingo (6), o brasileiro Daniel Nascimento liderava a maratona de Nova York, uma das mais importantes do calendário mundial. No seu encalço, o queniano Evans Chebet. O ritmo forte imposto pelo brasileiro chamava a atenção, ainda mais por ser em um dos percursos mais exigentes da temporada.
Após cruzar a marca de 31 quilômetros, Danielzinho fez uma inesperada parada no banheiro – atitude rara entre atletas de elite, e sinal de que algo poderia não estar bem. Pouco mais de um quilômetro depois, o brasileiro caiu no asfalto, indicando uma possível perda de consciência. Ele foi atendido pela equipe médica, conduzido ao hospital e diagnosticado com desidratação e hipoglicemia.
Danielzinho é um talento indiscutível do atletismo brasileiro. Disputa troféus lado a lado com os melhores corredores do mundo. Mas, aos 24 anos, ele ainda é considerado um atleta pouco experiente. Na Olimpíada de Tóquio, em 2021, ele também precisou abandonar a prova na metade, após um início igualmente forte.
Danielzinho "quebrou" em Nova York. O jargão é usado entre corredores para descrever quando o limite de um atleta foi superado e ele já não consegue mais manter o rendimento em uma prova.
Por que isso acontece? E, principalmente, como não "quebrar" em uma prova? Este texto tenta responder essas duas perguntas, e para isso conversei com o médico e ultramaratonista Roberto Nahon, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e ex-coordenador médico do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Por que o corredor "quebra"?
Há três explicações principais para a "quebra" de um atleta, seja ele profissional ou amador. O motivo mais comum é correr em um ritmo mais forte do que o corpo suporta no momento da prova. Outras explicações frequentes estão relacionadas a desequilíbrios, que podem ser energéticos ou hidroeletrolíticos. Ou seja, o corredor pode ter se alimentado mal ou se hidratado pouco durante a prova.
Ainda que os sintomas possam ser diferentes em cada um dos casos acima, o que se observa são sinais de fadiga que podem levar a fraqueza, desorientação e, em casos extremos, perda da consciência.
Como evitar a "quebra"?
O segredo está no planejamento de corrida. Ter uma rotina de treinamentos compatível com os objetivos. Ou seja, estar preparado para a distância e para o ritmo que pretende sustentar durante a corrida. Fazer uma maratona, por exemplo, exige longas semanas de preparação que incluem exercícios intervalados para ganho de velocidade e os famosos "longões" – treinos de rodagem que em alguns casos superam os 30km por sessão.
Estudar a topografia do terreno ajuda, assim como decidir de antemão em quais pontos se hidratar e quando consumir suplementos de carboidrato. Essas informações precisam estar claras na cabeça do atleta antes da largada.
Alimentar-se e hidratar-se de forma adequada na véspera da corrida – com atenção especial às 12 horas antes do início da prova.
No dia da prova, não comer ou beber nada que não esteja acostumado. Treinos longos podem e dever ser usados como um laboratório para construir uma rotina. Testar como o corpo reage com mais água ou menos água. Experimentar encurtar ou alongar a ingestão de carboidrato para sentir o impacto fisiológico disso. A corrida é um exercício mecânico repetitivo, e a rotina correta faz muita diferença no resultado.
Quebrei. E agora?
"Quebrar" não é sinônimo de fim de prova. A sugestão é reduzir o ritmo até que a corrida volte a ser fluída. Isso significa correr mais devagar ou mesmo caminhar por alguns minutos. "A recuperação ativa é bastante eficiente, e em muitos casos o atleta vai conseguir retomar o seu ritmo normal de corrida", explica Roberto Nahon.
O médico também recomenda que o atleta tente se lembrar se pulou algum ponto de hidratação planejado no percurso, ou se esqueceu de ingerir calorias durante a prova. "A quebra poderia ser revertida com a retomada do plano original de água e carboidratos previsto originalmente".
Se mesmo assim não houver melhora, a recomendação de Nahon é que o atleta abandone a prova. "A fadiga pode levar o atleta a correr com a postura errada, algo que sobrecarregaria os músculos e articulações e poderia evoluir para uma lesão".
E você? Já quebrou em alguma prova? Escreva nos comentários

5 de novembro de 2022

Mundial de Revezamento de Guangzhou 23

O Conselho Mundial de Atletismo decidiu adiar o Mundial de Revezamento de Guangzhou 23. Inicialmente programados para 13 a 14 de maio de 2023, eles foram adiados para abril/maio de 2025 (datas exatas a serem confirmadas).

Esta decisão foi tomada em acordo com o Comité Organizador Local de Guangzhou (LOC) e a Associação Chinesa de Atletismo (CAA), devido ao contexto de pandemia em curso.

A referida decisão de adiar esta edição do World Relays envolve a modificação do sistema de qualificação para os eventos de revezamento em vista do Campeonato Mundial de Budapeste 23. qualificação dos revezamentos para levar em conta as oito equipes mais bem colocadas no Oregon22 World Championships in Athletics bem como as oito equipes mais bem classificadas nas listas de melhor desempenho.

O princípio adotado é reproduzir um sistema de qualificação semelhante, permitindo que vários atletas se classifiquem diretamente por meio de competições ou com base nos desempenhos alcançados durante o período de qualificação.

“É lamentável ter que adiar um evento. No entanto, tanto o Atletismo Mundial quanto o Comitê Organizador Local estão comprometidos em realizar a preparação e a realização de Revezamentos Mundiais de maneira responsável, o que inclui garantir que os atletas de todas as Federações Internacionais possam competir e desfrutar plenamente de sua estadia em condições sanitárias seguras”, disse Sebastian Coe, presidente da World Athletics.

“Gostaria de agradecer aos nossos colegas da Associação Chinesa de Atletismo e do LOC por seus esforços e valiosa colaboração para encontrar uma solução para esta situação. Estou ansioso para 2025, quando nossos anfitriões poderão sediar uma edição espetacular do World Athletics World Relays”, concluiu.

No dia 30 de novembro, em Roma, Itália, o Conselho Mundial de Atletismo deve designar a cidade que sediará a edição de 2024 do Revezamento Mundial.

Grandes campeões se enfrentam em NY neste Domingo

O campeão mundial de maratona Gotytom Gebreslase, a medalhista de ouro mundial de cross country Hellen Obiri, o vencedor da Maratona de Boston Evans Chebet e o atual campeão Albert Korir se enfrentarão em duas corridas competitivas na TCS New York City Marathon, um evento do World Athletics Elite Platinum Label , no domingo (6)

A etíope Gebreslase venceu a Maratona de Berlim do ano passado em sua estreia à distância e terminou em terceiro na Maratona de Tóquio em março, antes de conquistar o título mundial em Oregon em julho. Marcando 2:18:11 PB, a jovem de 27 anos quebrou o recorde do campeonato para obter o ouro global e ela se alinha como a segunda mais rápida no campo em Nova York. A mais rápida é a israelense Lonah Salpeter, que conquistou o bronze mundial atrás de Gebreslase em Oregon e correu seu PB de 2h17min45s para vencer a Maratona de Tóquio 2020.

Mas a Maratona de Nova York é um tipo diferente de desafio e Obiri, do Quênia, espera que sua experiência variada seja vantajosa no percurso ondulado. A atleta de 32 anos é bicampeã mundial de 5.000m e conquistou a prata mundial nos 10.000m em Oregon, enquanto conquistou o título mundial de cross country em 2019.

“Sei que Nova York é um percurso difícil, mas espero que minha experiência na pista, estrada e cross country me ajude a navegar pelos altos e baixos”, disse Obiri, cuja corrida mais recente foi a meia maratona Great North Run do mês passado, que ela ganhou em 1:07:05. Ela também definiu uma meia maratona PB de 1:04:22 em Ras Al Khaimah em fevereiro.

Gebreslase não é a única medalhista de ouro da maratona mundial no campo feminino, já que a campeã mundial de 2011 e 2013 Edna Kiplagat também está na escalação, enquanto sua compatriota queniana Viola Cheptoo retorna após seu vice-campeonato no ano passado em 2h22min44seg , o quarto tempo feminino mais rápido já alcançado na Maratona de Nova York. O vencedor do ano passado, Peres Jepchirchir, também estava na corrida, mas desistiu devido a lesão.

Keira D'Amato e Desiree Linden lideram as candidatas americanas. D'Amato correu seu PB de 2:19:12 para vencer em Houston no início deste ano, enquanto Linden venceu a Maratona de Boston de 2018 e eles serão acompanhados na linha de partida por Emma Bates e Lindsay Flanagan.

Também estará presente a medalhista de prata dos 5.000 metros da Etiópia em 2015, Senbere Teferi, Caroline Rotich, do Quênia, Eloise Wellings e Jessica Stenson, da Austrália, e Mao Uesugi, do Japão, vice-campeã da Maratona Feminina de Osaka deste ano.

Chebet é o atleta mais rápido dos homens graças aos 2h03min que ele correu para vencer a Maratona de Valência 2020, um tempo que o coloca em sétimo na lista mundial de todos os tempos. Ele terminou em quarto em Londres no ano seguinte e depois venceu em Boston em abril em 2h06:51, uma das 10 maratonas de sua carreira até agora em que terminou em primeiro ou segundo.

Enquanto isso, Korir está de volta à ação depois de terminar em sexto lugar em Boston, sua vitória em Nova York no ano passado foi alcançada em 2h08min22seg, 19 segundos de seu set PB em 2019, o mesmo ano em que garantiu um segundo lugar final em Nova York.

Tal é a qualidade dos corredores, que Korir é apenas o 12º mais rápido quando se trata de recordes pessoais. O campeão da Maratona de Londres de 2020 da Etiópia, Shura Kitata, e o recordista sul-americano do Brasil, Daniel Do Nascimento, estão empatados em PBs, o vice-campeão da Maratona de Nova York de 2018, Kitata, tendo corrido 2h04:49 naquele mesmo ano em Londres e Do Nascimento, com 2. :04:51 em Seul em abril. O medalhista de prata olímpico holandês Abdi Nageeye também está entre os corredores mais rápidos da lista, juntamente com o japonês Suguru Osako, o suíço Tadesse Abraham e o americano Galen Rupp.

Duas vezes medalhista olímpico, Rupp venceu a Maratona de Chicago em 2017 e foi vice-campeão em Boston no mesmo ano. Ele também terminou em segundo lugar em Chicago em 2021. Ele se juntará a seus compatriotas americanos Leonard Korir, Scott Fauble, Abdi Abdirahman, Marty Hehir e Shadrack Kipchirchir, que faz sua estreia na maratona.

Tal como o atual campeão Korir, o marroquino Mohamed El Aaraby também regressa a Nova Iorque, tendo terminado em segundo no ano passado com 2h09min06seg. 

Principais participantes

Mulheres

Lonah Chemtai Salpeter (ISR) 2:17:45 

Gotytom Gebreslase (ETH) 2:18:11 

Keira D'Amato (EUA) 2:19:12 

Edna Kiplagat (KEN) 2:19:50 

Des Linden (EUA) 2 :22:28 

Mao Uesugi (JPN) 2:22:29 

Viola Cheptoo (KEN) 2:22:44 

Emma Bates (EUA) 2:23:18 

Caroline Rotich (KEN) 2:23:22 

Senbere Teferi (ETH) 2 :24:11 

Lindsay Flanagan (EUA) 2:24:35 

Dakotah Lindwurm (EUA) 2:25:01 

Eloise Wellings (AUS) 2:25:10 

Jessica Stenson (AUS) 2:25:15 

Gerda Steyn (RSA) 2 :25:28 

Nell Rojas (EUA) 2:25:57 

Annie Frisbie (EUA) 2:26:18 

Aliphine Tuliamuk (EUA) 2:26:50 

Stephanie Bruce (EUA) 2:27:47 

Roberta Groner (EUA) 2 :29:09

Molly Grabill (EUA) 2:29:17 

Ruth Van der Meijden (NED) 2:29:30 

Sharon Lokedi (KEN) estreia 

Hellen Obiri (KEN) estreia 


Homens

Evans Chebet (KEN) 2:03:00 

Shura Kitata (ETH) 2:04:49 

Daniel Do Nascimento (BRA) 2:04:51 

Abdi Nageeye (NED) 2:04:56 

Suguru Osako (JPN) 2:05 :29 

Galen Rupp (EUA) 2:06:07 

Tadesse Abraham (SUI) 2:06:38 

Mohamed El Aaraby (MAR) 2:06:55 

Olivier Irabaruta (BDI) 

2:07:13 Tetsuya Yoroizaka (JPN) 2: 07:55 

Leonard Korir (EUA) 2:07:56 

Albert Korir (KEN) 2:08:03 

Girma Bekele Gebre (ETH) 

2:08:23 Scott Fauble (EUA) 2:08:52 

Abdi Abdirahman (EUA) 2 :08:56 

Marty Hehir (EUA) 2:08:59 

Daniele Meucci (ITA) 2:09:25 

Jared Ward (EUA) 2:09:25 

Reed Fischer (EUA) 2:10:42 

Nathan Martin (EUA) 2 :11:05

Matt Llano (EUA) 2:11:14 

Frank Futselaar (NED) 2:11:30 

Matt Baxter (NZL) estreia 

Shadrack Kipchirchir (EUA) estreia



Inscrições para a 97ª Corrida de São Silvestre chegam à reta final

Os amantes de corridas que têm planos de participar da 97ª edição da Corrida de São Silvestre, principal disputa de rua da América Latina, no dia 31 de dezembro, devem correr para garantir a vaga.  O ritmo segue acelerado e as inscrições estão em sua reta final, o que deverá fazer com que o limite de vagas seja alcançado mais cedo do que previsto.

Os interessados em participar podem visitar o site oficial da prova www.saosilvestre.com.br onde contarão com facilidades de pagamento via PIX, parcelamento das inscrições no cartão de crédito em até três vezes ou à vista no boleto e com duas opções de inscrição. A inscrição normal para o Pelotão Geral, com valor de R$ 230,00 (R$ 115 para corredores de 60 anos ou mais), e também para o Pelotão Premium, com kit e espaço de largada diferenciados, por R$ 850,00.

A Corrida oferece o benefício de desconto para pessoas com 60 anos ou mais. Dessa forma, os corredores da categoria não podem ceder sua inscrição em hipótese alguma a terceiros, pois cometerão uma fraude passível de ser punida de acordo com a Lei, conforme está detalhado no Regulamento. Haverá uma área especial na entrega de kit para melhor atender e realizar a verificação de documentos da pessoa inscrita com 60 anos ou mais. Para efeito de classificação, fácil reconhecimento e monitoramento, o número de peito desta categoria será diferenciado. A chegada também contará com câmeras para identificação de todos os atletas inscritos.


4 de novembro de 2022

Alison dos Santos retoma preparação para temporada 2023

O campeão mundial Alison dos Santos, o Piu, retomou os treinamentos nesta segunda-feira para a temporada pré-olímpica com foco no Mundial de Budapeste, na Hungria, de 19 a 27 de agosto de 2023, e no Pan-Americano de Santiago, no Chile, em outubro.

Alison ficará em São Paulo até fevereiro quando seguirá para mais treinos nos Estados Unidos e depois para as competições, principalmente na Europa - fará, novamente, o circuito da Liga Diamante, que começa em maio, por Doha, Catar.

Piu também vai entrar mais vezes em provas de 400 m rasos, mas como preparação para os 400 m com barreiras, que continua sendo o seu foco principal.

“Vai ser um ano muito importante por ter o Pan e o Mundial – nos dois eu posso me consagrar bicampeão e a meta é essa. É chegar lá e cumprir e trazer mais uma conquista para a minha equipe e o Brasil, de ser bicampeão pan-americano e mundial. O foco é a Olimpíada de Paris-2024, mas é pensar em cada temporada”, disse.

"Não foi bom que esses rivais se lesionaram em momentos chaves da temporada. E também teve surpresas como bons atletas americanos e da Europa. Quando a gente se deparou com o recorde do campeonato mundial (47.50) e olhando para o recorde mundial (45.94) é que vimos a magnitude dos 400 m com barreiras. O Alison correu cinco vezes abaixo de 47.50, entre os top all time, mas o nível dessa prova subiu muito", comentou o treinador Felipe de Siqueira.


31 de agosto de 2022

Futebol feminino sofre boicote de quem o comanda

futebol feminino evoluiu bastante no Brasil nos últimos três anos, mas poderia ainda estar em outro patamar se não sofresse um boicote tão grande de quem mais deveria se importar com ele. As quartas de final do Brasileiro são a prova disso.

A desculpa é sempre a mesma: "Não dá dinheiro, não é rentável". Enquanto o mundo caminha na direção contrária, enchendo estádios e mostrando que há grandes públicos interessados em gastar dinheiro com o futebol das mulheres, por aqui quem comanda prefere repetir clichês a trabalhar para contrariá-los.

A Série A1 do Brasileiro feminino neste ano foi a mais equilibrada de todos os tempos. O mínimo que se esperava para o mata-mata era que a arbitragem de vídeo fosse utilizada para evitar erros graves, como os que ocorreram ao longo de toda a primeira fase da competição. As Séries A, B e agora até a C do masculino contam com VAR (esta última com o uso da tecnologia começando na fase decisiva). Mas a CBF optou por deixar o VAR no feminino apenas para as semifinais.

Jogadoras do Corinthians comemoram classificação às semifinais do Campeonato Brasileiro feminino
Jogadoras do Corinthians comemoram classificação às semifinais do Campeonato Brasileiro feminino, maltratado pela CBF - Rodrigo Gazzanel - 21.ago.22/Ag. Corinthians

Pelo pagamento baixo oferecido aos árbitros por jogos da Série A1 do feminino (seis vezes menos do que eles recebem por jogos da Série A e cinco vezes menos do que recebem na Série B), a arbitragem da principal competição de futebol feminino do país costuma ser formada por árbitros(as) menos experientes.

Alguns dos que apitaram as quartas de final, por exemplo, só tinham experiência em jogos de base, Brasileiro de aspirantes ou Série D. Isso acaba contribuindo para que erros apareçam (como apareceram nas quartas de final), afinal jogos decisivos exigem mais da arbitragem.

E, se a CBF opta por não valorizar seu produto colocando a arbitragem de vídeo, os clubes também não se importam em cobrá-la por isso. Quando há erros de árbitros em jogos do futebol masculino, é comum ver os clubes protocolando reclamações formais na CBF. Já foram oficializadas 22 reclamações no futebol masculino nesta temporada. No caso do feminino, apenas uma reclamação foi formalizada (do Corinthians, nas quartas de final).

A confederação diz que o futebol feminino "é uma de suas prioridades" na atual gestão –ainda que fique difícil acreditar nisso, considerando, por exemplo, que a seleção feminina tem data Fifa na semana que vem e até agora não tem nenhum amistoso confirmado para jogar.

"O investimento, a organização e o cuidado com as competições femininas têm aumentado, e isso seguirá acontecendo. É fato que alguns cenários ainda precisam evoluir, mas é importante destacar que a CBF trabalha diariamente nesse sentido", afirmou, em nota.

Os clubes também poderiam fazer mais para alavancar o crescimento do futebol feminino. Foi ótimo ver alguns deles levando as mulheres para jogar em seus principais estádios nas quartas de final. Mas o jogo do Inter, por exemplo, foi marcado para uma segunda-feira às 15h. Que público consegue ir a um jogo em dia útil nesse horário?

A situação do São Paulo foi ainda pior. A partida foi em Barueri (estádio que não é de tão fácil acesso para os torcedores), e o horário do jogo delas bateu com o do jogo do próprio São Paulo no masculino. O torcedor faz como para acompanhar os dois?

Aí ouvi na semana passada um dirigente do Flamengo dizendo que não fazia sentido mandar o jogo delas no Maracanã (o clube optou por jogar no Luso-Brasileiro) porque "daria no máximo umas 200 pessoas a mais". Mas quanto o clube se esforçou para divulgar o jogo delas e encher o estádio? Esse dirigente parece não conhecer o potencial da própria torcida.

Enquanto isso, o Corinthians vendeu 15 mil ingressos e arrecadou mais de 300 mil reais com o jogo do feminino. E vai arrecadar bem mais com o dérbi na semifinal. Se os próprios clubes e a CBF não fazem o mínimo, não adianta reclamar que "não é rentável". E o que vocês estão fazendo para que seja?

30 de agosto de 2022

"Quiet quitting": fazer o mínimo no trabalho virou tendência?


"Quiet quitting": fazer o mínimo no trabalho virou tendência?

O termo "desistência silenciosa" (em inglês, "quiet quitting") viralizou nas redes sociais após um usuário do TikTok chamado Zaiad Khan postar um vídeo falando sobre a expressão, que significa que "você não está desistindo do seu emprego, mas está abandonando a ideia de ir acima e além".

Mais adiante na postagem, Khan complementa sua explicação: "Você ainda está cumprindo seus deveres, mas não está mais se submetendo à cultura abusiva de que a vida se resume ao trabalho", pontua. 

Não demorou muito para a publicação viralizar e acabar virando assunto nos principais veículos de comunicação do mundo, como nos jornais The Guardian e The New York Times. 

Por ser um termo recente, ele ainda não tem uma definição precisa. Para algumas pessoas, significa fazer o mínimo em um trabalho que não mais te satisfaz, até você ser mandado embora, após forçar, de uma maneira passivo-agressiva, sua demissão.

Já para outras, a expressão tem mais a ver com o fato de você colocar limites para não acabar se tornando um workaholic, ainda mais no contexto do trabalho remoto, em que você pode acabar falhando na administração do tempo e sendo engolido pela rotina profissional. Ou seja, a tal da "desistência silenciosa" seria muito mais sobre trabalhar para viver e não viver para trabalhar - e aos poucos, e silenciosamente, ir se distanciando dessa ideia de que o trabalho é a coisa mais importante do mundo.

A questão é que muita gente começou a se identificar com o termo, o que pode significar que muitos profissionais estão sobrecarregados ou infelizes com suas atuais ocupações. 

Um segundo ponto que vale ser destacado é que, para muita gente, esse "quiet quitting" pode acabar afetando colegas de trabalho, especialmente se a pessoa que optar fazer o mínimo for responsável por gerir toda uma equipe. Afinal, fazer o mínimo pode significar sobrecarregar outras pessoas, certo?

Errado. Ou, pelo menos, deveria ser. Psicólogos avaliam que a tendência do momento ligada ao mercado de trabalho pode ser benéfica para a saúde mental das pessoas, uma vez que atua na contramão do burnout. Mas apenas se a "desistência silenciosa" tiver a ver com se desprender da ideia de que trabalhar muito é sinal de bom desempenho, ok? Em um mundo ideal, ninguém deveria acumular funções, ainda mais por questões envolvendo cortes de gastos. 

Se a "desistência silenciosa" tiver ligada à insatisfação, por exemplo, esse "fazer o mínimo" pode até contribuir a princípio com a manutenção da saúde mental do empregado, mas, a longo prazo, esse "empurrar com a barriga" pode acabar se tornando maléfico para ele e para seus parceiros de equipe. Colocar limites é tão importante quanto ser honesto sobre suas entregas, demandas e sobre seu dia a dia de trabalho - por mais difícil que isso possa ser em algumas situações