30 de agosto de 2022

"Quiet quitting": fazer o mínimo no trabalho virou tendência?


"Quiet quitting": fazer o mínimo no trabalho virou tendência?

O termo "desistência silenciosa" (em inglês, "quiet quitting") viralizou nas redes sociais após um usuário do TikTok chamado Zaiad Khan postar um vídeo falando sobre a expressão, que significa que "você não está desistindo do seu emprego, mas está abandonando a ideia de ir acima e além".

Mais adiante na postagem, Khan complementa sua explicação: "Você ainda está cumprindo seus deveres, mas não está mais se submetendo à cultura abusiva de que a vida se resume ao trabalho", pontua. 

Não demorou muito para a publicação viralizar e acabar virando assunto nos principais veículos de comunicação do mundo, como nos jornais The Guardian e The New York Times. 

Por ser um termo recente, ele ainda não tem uma definição precisa. Para algumas pessoas, significa fazer o mínimo em um trabalho que não mais te satisfaz, até você ser mandado embora, após forçar, de uma maneira passivo-agressiva, sua demissão.

Já para outras, a expressão tem mais a ver com o fato de você colocar limites para não acabar se tornando um workaholic, ainda mais no contexto do trabalho remoto, em que você pode acabar falhando na administração do tempo e sendo engolido pela rotina profissional. Ou seja, a tal da "desistência silenciosa" seria muito mais sobre trabalhar para viver e não viver para trabalhar - e aos poucos, e silenciosamente, ir se distanciando dessa ideia de que o trabalho é a coisa mais importante do mundo.

A questão é que muita gente começou a se identificar com o termo, o que pode significar que muitos profissionais estão sobrecarregados ou infelizes com suas atuais ocupações. 

Um segundo ponto que vale ser destacado é que, para muita gente, esse "quiet quitting" pode acabar afetando colegas de trabalho, especialmente se a pessoa que optar fazer o mínimo for responsável por gerir toda uma equipe. Afinal, fazer o mínimo pode significar sobrecarregar outras pessoas, certo?

Errado. Ou, pelo menos, deveria ser. Psicólogos avaliam que a tendência do momento ligada ao mercado de trabalho pode ser benéfica para a saúde mental das pessoas, uma vez que atua na contramão do burnout. Mas apenas se a "desistência silenciosa" tiver a ver com se desprender da ideia de que trabalhar muito é sinal de bom desempenho, ok? Em um mundo ideal, ninguém deveria acumular funções, ainda mais por questões envolvendo cortes de gastos. 

Se a "desistência silenciosa" tiver ligada à insatisfação, por exemplo, esse "fazer o mínimo" pode até contribuir a princípio com a manutenção da saúde mental do empregado, mas, a longo prazo, esse "empurrar com a barriga" pode acabar se tornando maléfico para ele e para seus parceiros de equipe. Colocar limites é tão importante quanto ser honesto sobre suas entregas, demandas e sobre seu dia a dia de trabalho - por mais difícil que isso possa ser em algumas situações