31 de agosto de 2008

Psicologia para evitar os amarelamentos

Publicado em 31.08.2008 JC - Recife

Competidores precisam de amparo profissional para não escorregarem nas decisões

Patrícia Alves
pbarbosa@jc.com.br

Trinta e oito finais e 29 disputas diretas pelo primeiro ligar que
resultaram em três medalhas de ouro, quatro de prata e oito de bronze.
Diante do número de oportunidades, o Brasil poderia ter chegado mais
longe se não fosse, em muitos casos, a falta de controle emocional na
hora da disputa. O filme já foi visto por mais de 180 milhões de
brasileiros em Sydney-2000, com Rodrigo Pessoa e o cavalo Baloubet du
Ruet, e em Atenas-2004, com a perda de cinco match points pela seleção
feminina de vôlei nas semifinais.

Há alguns dias, o País assistiu aos mesmos problemas seja por
ansiedade, falta de concentração ou por excesso de confiança. Na
ginástica, Diego protagonizou um dos momentos mais marcantes da
Olimpíada de Pequim. O atleta entrou no tablado com amplo favoritismo
e aparentando grande confiança. Executou muito bem movimentos
extremamente difíceis e dava a impressão de o ouro ser apenas uma
questão de minutos. Entretanto, quando faltava a última aterrissagem,
ele caiu sentado e perdeu as chances de pódio.

Outro caso foi Jade Barbosa, que disputou três finais em Pequim.
Famosa por chorar durante as competições, a atleta admitiu que precisa
de um acompanhamento psicológico. "Por ter sido minha primeira
participação olímpica, senti nervosismo em alguns momentos. Vou
trabalhar o meu lado emocional para não ficar nervosa com a pressão
natural nas decisões", disse.

Para resolver o problema, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman,
afirmou que o Brasil terá de passar por correções para o próximo ciclo
olímpico. Uma delas será a presença de um psicólogo em cada delegação,
assim como já acontece com treinadores e preparadores físicos.

O coordenador técnico da Seleção Brasileira, Ney Wilson, acredita que
o que faltou o para disputar disputa do ouro foi a psicologia. "Não
vejo que possa ter havido falha na parte técnica. Há muitas áreas de
atuação no nosso esporte e uma delas é a psicologia. A gente lida com
confronto direto, contato físico, assédio da mídia, então isso pode
ser trabalhado melhor."

Já a seleção brasileira feminina de vôlei possui resultados por conta
do trabalho psicológico. Medalha de ouro em Pequim, as meninas viveram
durante quatro anos presas ao estigma de "amarelonas", fruto da perda
nas semifinais em Atenas. O grupo contou com a presença da psicóloga
Sâmia Hallage, que as acompanhou até na China. "A vinda da Sâmia
ajudou muito, mas esse grupo estava se preparando, estava engasgado",
contou o treinador Zé Roberto.